Evolução das espécies

Evolução  02/10/2017

A primeira teoria sobre a evolução das espécies é elaborada pelo naturalista francês Lamarck em 1809 (ano em que nasce Charles Darwin). A capacidade dos seres vivos de mudar e evoluir já havia sido observada e registrada por muitos estudiosos, mas é apenas com Lamarck que surge a primeira hipótese sistematizada.

ADAPTAÇÃO AO MEIO
Lamarck diz que os seres vivos evoluem "sem saltos ou cataclismos" de forma "lenta e segura". Para se adaptar melhor ao meio, os seres vivos se modificam a cada geração. A girafa, por exemplo, teria desenvolvido um pescoço comprido para se alimentar das folhas de árvores muito altas. Os órgãos que são menos usados atrofiam, de geração em geração, e desaparecem. 
Caracteres adquiridos – Para Lamarck, as características que um animal adquire durante sua vida podem ser transmitidas hereditariamente. Um animal que perde parte de sua cauda, por exemplo, pode ter filhos com a cauda curta. 
Lamarck (1744-1829) – Jean Baptiste Pierre Antoine de Monet, cavaleiro de Lamarck, aos 24 anos abandona a carreira militar para se dedicar à medicina e à botânica. Em 1778, publica Flora francesa, que faz grande sucesso. Exerce grande influência na fundação do Museu Nacional de História Natural, em Paris. É o fundador da biologia como ramo específico da ciência, em 1802. Em 1809, publica o livroFisiologia zoológica, expondo pela primeira vez sua teoria da evolução. A obra encontra oposição nos meios conservadores, e Lamarck cai no ostracismo. Viúvo por quatro vezes, morre cego e na miséria.

SELEÇÃO NATURAL
Teoria descrita pelo naturalista Charles Darwin para explicar como as espécies animais e vegetais evoluem. Diz que o meio ambiente seleciona os seres mais aptos. Em geral, só estes conseguem se reproduzir e os menos dotados são eliminados. Assim, só as diferenças que facilitam a sobrevivência são transmitidas à geração seguinte. Ao longo das gerações, essas características firmam-se e geram uma nova espécie. 
Darwin não consegue distinguir as variações hereditárias das não hereditárias. Alguns anos depois, Mendel desvenda os fenômenos hereditários e os compatibiliza com o princípio da seleção natural. O modelo da origem das espécies de Darwin mantém-se válido em suas linhas gerais, porém o caráter diferenciador decisivo cabe às mutações das células reprodutivas e não das somáticas (que constituem o corpo). 
Charles Robert Darwin (1809-1882) nasce em Shrewsbury, Inglaterra. Aos 16 anos entra na faculdade de medicina e interessa-se, particularmente, por história natural. Logo abandona os estudos e é mandado pelo pai para Cambridge, onde estuda teologia. Sua amizade com cientistas conceituados o leva a ser convidado a participar, como naturalista, de uma volta ao mundo no navio Beagle, promovida em 1831 pela marinha inglesa. A expedição tinha o objetivo de aperfeiçoar e completar dados cartográficos. Esta peregrinação de cerca de cinco anos contribui para fundamentar sua teoria da evolução. Em 1859 publica A origem das espécies. Em 1871 publica A descendência do homem. Os livros abrem polêmica principalmente com a Igreja, pois a evolução orgânica nega a história da criação descrita no livro do Gênesis. Darwin também enfrenta o protesto de conservadores que recusavam admitir que a espécie humana tivesse ascendentes animais.

• Neodarwinismo – No século XX, a teoria darwinista foi sendo adaptada a partir de descobertas da Genética. Essa nova teoria, chamada de sintética ou neodarwinista, é a base da moderna Biologia. A explicação sobre a hereditariedade das características dos indivíduos deve-se a Gregor Mendel (1822-1884), em 1865, mas sua divulgação só ocorre no século XX. Darwin desconhecia as pesquisas de Mendel. A síntese das duas teorias foi feita nos anos 30 e 40. Entre os responsáveis pela fusão estão os matemáticos John Burdon Haldane (1892-1964) e Ronald Fisher (1890-1962), os biólogos Theodosius Dobzhansky (1900-1975), Julian Huxley (1887-1975) e Ernst Mayr (1904-). A teoria neodarwinista diz que mutações e recombinações genéticas causam as variações entre indivíduos sobre as quais age a seleção natural.

Teoria da Evolução - Darwin contra-ataca
A Teoria da Evolução acabou de vez com a ideia de que a vida foi criada por intervenção divina. Como a fé em Deus foi capaz de sobreviver ?
No princípio, Deus "não" criou o homem e a mulher - ou, pelo menos, não literalmente. Desde que foi formulada, em 1859, quando o naturalista britânico Charles Robert Darwin publicou A Origem das Espécies, a Teoria da Evolução jogou por terra a tese de que a vida precisou de intervenção divina para existir. A "perigosa ideia de Darwin", como a apelidou o filósofo americano Daniel Dennett, também pôs em dúvida outro conceito importante para muitas religiões: o suposto status especial do homem perante os demais seres vivos.
A maioria dos biólogos evolutivos - aqueles que estudam a origem e a evolução dos seres vivos - afirma que somos apenas mais uma espécie animal, com uma diferença decisiva em relação às outras: tivemos a sorte de desenvolver nossa capacidade mental, característica que fez do homem o mamífero de grande porte mais numeroso e bem-sucedido da Terra. Dá para conciliar esse fato com a afirmação de que fomos criados "à imagem e semelhança" de um Deus ? 
As respostas para essa pergunta complicadíssima variaram um bocado ao longo dos últimos 150 anos. Algumas das denominações cristãs mais antigas, como a Igreja Católica e a Igreja Anglicana, acabaram decidindo que não dava para brigar com as descobertas feitas pela biologia evolutiva e passaram a interpretar os relatos da Bíblia sobre a criação do mundo como textos poéticos e alegóricos. Mas outros grupos, como as denominações evangélicas surgidas do século 19 em diante, insistiram na verdade literal das Escrituras Sagradas, considerando-as fontes confiáveis não só para temas espirituais mas também científicos. Estava aberta, portanto, a rota de colisão entre igreja e Ciência ? 
A preocupação dos que queriam negar a teoria evolutiva de Darwin tinha a ver, pelo menos em parte, com a questão da autoridade da Bíblia: para eles, qualquer dúvida sobre a exatidão dos textos sagrados abriria brechas para questionamentos de todos os tipos. Muito mais complicado que isso, no entanto, era conciliar a evolução com alguns aspectos essenciais da teologia cristã tradicional. O mais importante deles envolve o conceito de pecado original. 
Até quem nunca abriu uma Bíblia na vida conhece a clássica história do fruto proibido comido por Adão e Eva no jardim do Éden, instigados pela maliciosa serpente. A interpretação tradicional dessa narrativa, elaborada principalmente por são Paulo e santo Agostinho, afirma que esse primeiro ato de desobediência teria marcado os descendentes de Adão e Eva com o pecado. Dali em diante, todos seriam inerentemente pecadores. A transgressão no paraíso também teria introduzido a mortalidade no mundo - antes disso, os seres vivos seriam imortais por natureza. A morte de Jesus teria tido como principal propósito resgatar a humanidade desse estado de escravidão em relação ao mal. 
Ora, se o primeiro casal nunca existiu, e se a morte nos acompanha desde a origem, o sacrifício de Jesus aparentemente perde o sentido. E pior: Deus teria criado um Universo cheio de sofrimento e dor. São esses os raciocínios mais temidos pelos que se opõem à Teoria da Evolução. 
O movimento criacionista (dos que acreditam na criação divina) surgiu no começo do século 20, nos EUA, como forma de combater o evolucionismo. Ele se divide em dois grupos: os defensores do Criacionismo da Terra Jovem e os que seguem o Criacionismo da Terra Antiga. Os primeiros acreditam que nosso planeta tem apenas alguns milhares de anos de idade e que o Universo foi criado em 7 dias por Deus. Para eles, erros de interpretação levaram os cientistas a acreditar que o cosmos tem bilhões de anos. 
Já os da Terra Antiga, como o próprio nome indica, aceitam as datas propostas pelos pesquisadores seculares, mas negam o processo evolutivo. No máximo, admitem a chamada "microevolução" - adaptações sutis em alguns seres vivos ao longo do tempo, como mudanças na cor da pele de uma raposa ou no comprimento do bico de uma ave. Nada, no entanto, que possa explicar a transformação de um mamífero terrestre numa baleia, como propõem os darwinistas. 
A partir do final dos anos 80, os criacionistas adotaram uma nova estratégia, o chamado Movimento do Design Inteligente - financiado pela organização conservadora Discovery Institute. Seus integrantes argumentam que algumas características dos seres vivos (como o sistema de armazenamento de informações no DNA) são tão complexas que precisariam ter sido projetadas por um "designer inteligente". Abertamente, eles não discutem a identidade desse designer cósmico - poderia ser um alienígena, por exemplo. Mas quase todos os defensores da tese são cristãos evangélicos para lá de fervorosos. 
Há também quem acredite no chamado evolucionismo teísta - a ideia de que a evolução foi o mecanismo empregado por Deus para criar a vida e os seres humanos. O principal representante dessa vertente talvez seja o geneticista americano Francis Collins, ex-coordenador do Projeto Genoma (leia mais na pág. 40). 
Collins vê Deus como uma força externa ao espaço e ao tempo, cuja ação criou o Universo seguindo leis determinadas. O surgimento dos seres humanos seria resultado dessas leis divinas agindo por meio de processos naturais. Desse ponto de vista - e desde que certos detalhes da teologia sejam desconsiderados -, a conciliação entre fé e teoria evolutiva acaba se tornando possível.

Crítico moderado
Darwin deixou de acreditar em Deus, mas não via em sua teoria uma arma contra a fé
"Não vejo razão para que as opiniões expostas neste volume choquem os sentimentos religiosos de qualquer pessoa." A citação vem da 6ª edição de A Origem das Espécies, livro com o qual Charles Darwin inventou a biologia evolutiva. O naturalista britânico tinha uma visão bem mais moderada da religião do que a defendida por alguns de seus seguidores modernos. Ele deixou de acreditar em Deus, mas não via motivo para que sua teoria fosse usada como arma contra a fé. A posição religiosa de Darwin na maturidade era o agnosticismo - ou seja, se considerava incapaz de afirmar se Deus existia ou não. O processo que o conduziu até esse estado foi complexo. Durante a juventude, ele estudou para se tornar pastor da Igreja Anglicana e via a Bíblia como a melhor fonte para decidir o que é certo e errado. Mas algumas tragédias pessoais acabaram afastando-o da fé.

Sofrimento
A primeira dessas tragédias foi a morte de Robert Darwin, pai do naturalista e não crente confesso. Muito triste, Charles se recusou a acreditar que seu genitor, um homem de bom coração, iria para o inferno apenas por não se considerar cristão. "Não consigo imaginar porque alguém iria querer que tal coisa fosse verdade. Essa é uma doutrina deplorável", escreveu em sua autobiografia. Depois, foi a vez de Annie, filha do cientista, que morreu aos 10 anos. Darwin já tinha deixado de frequentar a igreja pouco antes. Com a morte de Annie, abandonou a crença de vez. Pelo visto, o que atormentava o pesquisador era o chamado "problema do sofrimento" - porque um Deus permite a existência do mal no mundo? Certa vez, em carta ao botânico americano Asa Gray, Darwin tentou resumir sua inquietação: "Não consigo me contentar em ver este maravilhoso Universo e concluir que tudo é resultado de força bruta. Sinto que todo esse assunto é profundo demais para o intelecto humano. É como um cão tentando especular sobre a mente de Newton".

Acordo de paz
Para o papa João Paulo 2º, a evolução era "mais do que uma mera hipótese"
Em 2008, o Vaticano promoveu uma conferência para discutir o legado de Charles Darwin. E fez questão de lembrar que os livros do naturalista nunca foram oficialmente condenados pela Igreja. Surpresa? Nada disso. Na verdade, faz mais de 50 anos que a Igreja fez as pazes com a Teoria da Evolução. Tudo começou nos anos 50, com declarações do papa Pio 12, um dos mais conservadores da história. Em princípio, disse o pontífice, não haveria problema em imaginar que o corpo humano tivesse evoluído de ancestrais do reino animal. O "processo de paz" continuou com João Paulo 2º. Em 1996, ele reconheceu que a Teoria da Evolução "é mais do que uma mera hipótese" e que tem muitas evidências a seu favor. A opinião foi reiterada por Bento 16 em várias ocasiões.

Genética e agressividade de lutadores. Charles Darwin: origem das espécies


Por Leandro Paiva, colaborador especial do blog e autor do livro Pronto Pra Guerra

No livro Pronto Pra Guerra, versei sobre características físicas e psicológicas que correlacionei entre alguns lutadores como Ricardo Arona, por exemplo, e seus pais. No entanto, duas correntes na ciência são opostas quanto ao tema “Agressividade e Genética”. 
A vertente das Ciências Biológicas, iniciada pelo celebrado cientista Charles Darwin, afirma que algumas características psicológicas, assim como as características físicas, são inatas, conservadas e “passadas” aos descendentes. 
Por outro lado, outra vertente científica, atrelada às Ciências Sociais, estima que as características psicológicas e, também, de personalidade, dependem tão somente de aprendizagem sendo destituídas de atributos biológicos. 
Um estudo recente jogou mais “lenha na fogueira” à discussão. Nele, pesquisadores oriundos da Academia Russa de Ciências e do Instituto de Pesquisas de Educação Física e Esportes da Rússia, relacionaram resquícios de agressividade inatos com genes dos sujeitos pesquisados. Verificou-se que a prática de esportes em geral, diminui a agressividade, tanto de mulheres que praticam esportes não agressivos, quanto homens atletas de modalidades de combate. 
O grupo controle de homens foi caracterizado por maiores índices de agressividade (agressão física e verbal, negativismo, e desconfiança) que as mulheres. As mulheres, independentemente da idade e participação em atividades desportivas, exibiram uma relação entre variações do gene 5-HTT, agressividade e escalas de negativismo: o genótipo SS foi associado a maior agressividade. 
Os homens apresentaram uma relação diferente. O índice de agressividade geral foi significativamente maior nos portadores do genótipo LL do que em portadores do genótipo SS. Nos homens, os processos cerebrais que se presume ser a base de agressividade foram encontrados e relacionados com as variações do gene 5-HTT. 
Foi sugerido que os portadores do genótipo SS utilizam mais recursos cognitivos para processar a informação. Também suportaram a hipótese de que os portadores do genótipo SS tendem a analisar as informações recebidas mais profundamente. Essa análise mais “séria” da informação externa pode ser relacionada à retração do comportamento impulsivo, que é frequentemente associado à agressividade.

Referência: 
O.V. Sysoeva, M.A. Kulikova, N.V. Malyuchenko, A.G. Tonevitskii, A.M. Ivanitskii. Genetic and social factors in the development of aggression. Fiziologiya Cheloveka, v.36, n.1, p.48–56, 2010.

Leandro Paiva é professor de educação física e autor do livro Pronto Pra Guerra. Já auxiliou na preparação de atletas de ponta como Ricardo Arona e Bibiano Fernandes. Ele colabora com este blog toda segunda-feira. Leia outros textos dele aqui. Para saber mais sobre o autor e o livro entre em http://www.prontopraguerra.com.br/

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